quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Carl Rogers, um psicólogo a frente de seu tempo.

Publicado no Jornal do Brasil -Rio de Janeiro 1977


O crescimento e a mudança construtiva da personalidade surgem somente quando o cliente percebe e experimenta um certo clima psicológico na relação terapêutica. As condições que constituem esse clima diz Rogers, não consistem de conhecimento, treinamento intelectual, orientação em alguma escola de pensamento, ou técnicas. Elas são sentimentos e atitudes que precisam ser experimentados pelo assistente psicológico e percebidos pelo cliente,para se tornarem efetivos. Essas, condições, eu as limitei como sendo essencialmente uma compreensão empática dos sentimentos do cliente e dos significados da pessoa; uma aceitação calorosa e incondicional da pessoa do cliente; e uma autenticidade, sinceridade e congruência da parte do terapeuta.
Rogers foi o primeiro a gravar uma consulta com um cliente em 1938, logicamente com a concordância do cliente usando um pseudônimo para uso cientifico. Logo depois assumiu mais uma atitude revolucionaria da terapia, filmando consultas com clientes. Foi o primeiro psicólogo a desmistificar a profissão de psicoterapeuta, em geral e também seu próprio comportamento como terapeuta. Ao virar a câmera para si próprio, mostrando seus êxitos e seus fracassos, numa tentativa de corrigi-los, conseguiu demonstrar que “a melhor maneira de se aprender psicoterapia é gravar e filmar as próprias consultas com os clientes”
Esta visão de vanguarda de Rogers desmistifica o papel do terapeuta como sendo um individuo “neutro em absoluto”, o que não é possível, e sim envolvido com as necessidades do cliente.
É possível encontrar este trabalho de pesquisa num livro editado por Rogers: Psicoterapia e Aconselhamento Psicológico, da editora Martins Fontes.
Outro resultado plenamente alcançado através das gravações de filmes foi o desenvolvimento de sua teoria do processo terapêutico, hoje conhecida como “Terapia Centrada na Pessoa”.
Embora tenha resistido a contínuos esforços que pretendiam torná-lo uma espécie de guru, do que muitas pessoas chamam, erradamente, de Terapia Rogeriana, não conseguiu evitar sua projeção como líder inconteste de um movimento que abrange vários países, com diversas ramificações em vários outros campos, além da psicoterapia. Ele é em grande medida, responsável pelo o que veio a ser chamado “Movimento do Potencial Humano” e, certamente, é uma força importante no desenvolvimento de mais de 300 centros nos USA, que se dedicam a estimular pessoas a realizar suas potencialidades.
Em um numero especial da revista Education, inteiramente dedicado a Carl Rogers, um dos artigos reconhece que provavelmente nos últimos 25 anos não houve um único programa de treinamento administrativo ou desenvolvimento organizacional, nos Estados Unidos, que não tenham sido construídos sob suas formulações teóricas.
No curso de sua vida profissional, Rogers exerceu a presidência da Associação Americana de Psicologia, da Academia Americana de Psicoterapeutas e da Associação Americana de Psicologia Aplicada.
Com uma vasta bibliografia é o único psicólogo que recebeu os prêmios Distinguished Cientific Contribution Award, por suas pesquisas cientificas, e Distinguished Professional Contribution Award, por seu trabalho em psicoterapia e educação.

A psicologia pensada por Carl Rogers é considerada como a terceira força no desenvolvimento das técnicas psicoterápicas.
A primeira força é a Psicanálise criada por Freud e seus seguidores, a segunda força é o Behaviorismo de Skinner e seus seguidores, e a terceira força a Psicologia Humanística de Rogers, Maslow e Sullivan, entre outros seguidores.
Este blog tem o intuito de divulgar periodicamente aos interessados, matérias relativas à atualidade da psicologia e da filosofia e todo tipo de informação pertinente ao desenvolvimento e a aplicação da psicoterapia e o tratamento das mais diferentes questões psicológicas e existenciais.

Participem.

Claudio Bergamo-Psicólogo